segunda-feira, 19 de julho de 2010

Conversa de Elevador

Conversas de elevador sempre me chamaram atenção. Uma situação tão comum numa sociedade das grandes cidades, compostas pelos arranha-céus, mas que sempre acaba deixando a gente sem ter o que fazer.
Aperta-se o botão. Você sozinho no roll do elevador, pensando em algum acontecimento do seu dia. Eis que surge um vizinho, também cansado da rotina, desejando apenas chegar a casa logo e não precisar ficar esperando o elevador sair do último andar e parar em todos os sinais pegando mais “passageiros”:
- Boa Noite!
-Boa.
Diante do barulho das grandes cidades, essa é a hora que os grilos se sentem na função de poder cantarolar livremente e ser ouvido. A impaciência surge, olha-se para o relógio, e nada do elevador chegar. Pausa. Elevador chega. Nesse momento nunca se sabe quem deve abrir a porta do elevador. Você vai na intenção, na mesmo hora que a pessoa, você hesita e ela também. Dá-se aquele sorrisinho sem graça, e uma resolve tomar partido de abrir a porta.
Entrando no elevador, começa a parte mais agoniante do processo. Alojados em um cubículo, os moradores procuram um ponto pra olhar, um gesto pra fazer. Geralmente, as pessoas mais tímidas, olham pra o chão. Admiram-no a viagem inteira. Os mais metidos se galanteiam no espelho, e aí é você quem fica sem graça. Tem aqueles que futucam o celular, o relógio, balançam a chave de casa, sempre procurando algum refúgio. Se o acompanhante for um vizinho mais conhecido, surge a conversa:
- Tá fazendo calor esses dias, né?
- Demais
- e as muriçocas?
- Insuportável, nem inseticida esta ajudando.
Pausa. Pensa rápido alguma coisa pra falar.
- Mas, daqui a pouco chega o inverno...
- É... que bom...
E aí vocês ficam lá com caras de apalermados, suplicando sua hora chegar. O elevador pára vocês se cumprimentam, e essa se torna a rotina, de nós, condôminos.

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