sexta-feira, 15 de outubro de 2010

30 segundos

Olhei, recusei, reolhei, analisei, recapitulei, concretizei. Informação reconhecida, coração acelerado, garganta seca, boca pálida, mão suada, troca de olhares, rostos corados, olhos envergonhados. Deu os seus cinco passos e chegou até mim. Três frases. Você se foi. Mais alguns tique-taques, talvez uma, duas, quem sabe três horas se passaram. A noradrenalina vai sendo despejada cortando o efeito da sua antônima, e a consciência volta lentamente. Dona de mim, olho no marcador do tempo e percebo que tudo não passou de apenas 30 segundos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Outro Par

E agora? Agora já está rotulado, avaliado, concretizado. Foi dançar com outro par. Mas, você não tem culpa de nada, eu é que idealizei, achei que pudesse fazer você me pertencer. Eu que estava recém curada, pensei já possuir os anticorpos que combatesse essa peste. Agora, você será a inspiração do lirismo de um outro alguém. E quanto a mim? Vou ficar aqui, esperando o acaso de uma contradança.

Ferida

Achei que já estivesse curada, o apagar do teu semblante nas minhas retinas me fazia ter convicção da sentença. Mas, como se amedrondasse de te apagar, de não idealizar alguém nos meus sonhos, cutuquei a ferida e, agora, ela sangra.

domingo, 25 de julho de 2010

Telegrama

No meio da solidão do paulistano recebi um telegrama. Era você. Não, não... eu não acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado, muito menos de desejar 'bom dia' ao português da padaria. Seu telegrama foi claro e objetivo, agora não me sobram indagações. Você NÃO me pertence mais...
Talvez nunca tenha pertencido.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Conversa de Elevador

Conversas de elevador sempre me chamaram atenção. Uma situação tão comum numa sociedade das grandes cidades, compostas pelos arranha-céus, mas que sempre acaba deixando a gente sem ter o que fazer.
Aperta-se o botão. Você sozinho no roll do elevador, pensando em algum acontecimento do seu dia. Eis que surge um vizinho, também cansado da rotina, desejando apenas chegar a casa logo e não precisar ficar esperando o elevador sair do último andar e parar em todos os sinais pegando mais “passageiros”:
- Boa Noite!
-Boa.
Diante do barulho das grandes cidades, essa é a hora que os grilos se sentem na função de poder cantarolar livremente e ser ouvido. A impaciência surge, olha-se para o relógio, e nada do elevador chegar. Pausa. Elevador chega. Nesse momento nunca se sabe quem deve abrir a porta do elevador. Você vai na intenção, na mesmo hora que a pessoa, você hesita e ela também. Dá-se aquele sorrisinho sem graça, e uma resolve tomar partido de abrir a porta.
Entrando no elevador, começa a parte mais agoniante do processo. Alojados em um cubículo, os moradores procuram um ponto pra olhar, um gesto pra fazer. Geralmente, as pessoas mais tímidas, olham pra o chão. Admiram-no a viagem inteira. Os mais metidos se galanteiam no espelho, e aí é você quem fica sem graça. Tem aqueles que futucam o celular, o relógio, balançam a chave de casa, sempre procurando algum refúgio. Se o acompanhante for um vizinho mais conhecido, surge a conversa:
- Tá fazendo calor esses dias, né?
- Demais
- e as muriçocas?
- Insuportável, nem inseticida esta ajudando.
Pausa. Pensa rápido alguma coisa pra falar.
- Mas, daqui a pouco chega o inverno...
- É... que bom...
E aí vocês ficam lá com caras de apalermados, suplicando sua hora chegar. O elevador pára vocês se cumprimentam, e essa se torna a rotina, de nós, condôminos.

Fumaça

Fecho os olhos e já não vejo com nitidez os seus traços. Sua imagem aparece esfumaçada, embasada, confusa. Agora, preciso me esforçar para lembrar-se de você. Confesso, estou com medo! Tenho medo de seu rosto submergir para sempre das minhas retinas. Temo em não ter mais ninguém ocupando o meu âmago à noite, preocupo-me em não achar outro que me faça cambalear. Mais do que tudo, hesito em lembrar-se de você apenas como Um. E não era esse o desejo? Mas quanta confusão!!! Coração de mulher tem disso às vezes... Não, não coração de In tem disso às vezes.

sábado, 10 de julho de 2010

Máquina do Tempo


As vezes eu queria que existisse uma máquina do futuro. Uma máquina que replicasse essas indagações que insiste em se instalar nos meus pensamentos.
Eu quero um controle remoto que eu possa apertar o acelerador automático e me livre desse momento conturbado, inerte, pesado, agoniante, que persiste em não findar.
Eu preciso de uma substância que me faça entorpecer, e só ressuscite-me quando tudo já tiver acabado, quando eu tiver conseguido tirar essa lesão, essa dúvida, essa ansiedade, essa confusão de dentro de mim.
Acabo de tomar uma decisão...

Espera

Saudade, raiva, desilusão, confusão, desejo... Não importa a provisão de sentimentos se eu sei que tudo finda em querer estar perto de você, em te possuir, em satisfazer todas as minhas extravagâncias incoscientes. Loucuras essas que são desfrutadas por outra. Outra que principiou na história sem ser chamada, e, hoje, ocupa o lugar que outrora me pertencia. Agora, só me resta desejar-te no meu particular e esperar o momento em que outro passe a ocupar o seu patamar.